Obrigado por falar – Um elogio à retórica amoral
Ora ora prosos meus, mais um olá empolgado destino aos poucos de vocês, descarrego frustrações de dias pouco povoados de proseares idealistas, ideológicos, enfim, amorais...
Ok! Ok! Eu explico, já sei que estariam gritando no meu ouvido caso pudessem – ultimamente surdo devido à ausência de palavras p’ra ele dirigidas – ideologia amoral é contraditório Léo! Não, não é proso(a) querida(o)... Tenho vislumbrado nos últimos dias, ou nem tão recentemente assim como muitos de vocês sabem, a mais amoral das ideologias! Aquela que preza o intenso discutir e a eterna retórica consigo mesmo, mas chega de falar de mim, sinto-me o mais egocêntrico dos homens com isso...
Então, recorri a uma filmografia bem lobista ultimamente: “Obrigado por fumar”, o autor foi escritor de discursos para George Bush (o pai), acredito que tenha se auto-inspirado para o personagem principal - meu herói – que resumindo é um lobista da indústria do cigarro, um deus da retórica e tem como mote que está sempre certo, não como um ato de arrogância acadêmica, mas de auto-confiança dialética.
Bom, aonde eu quero chegar com esse bla bla bla sem rumo, sem fim? Quero mais uma vez discursar sobre a liberdade, óbvio não? O personagem é um expoente do relativismo dialético, da capacidade de convencer qualquer um de qualquer coisa e de provar cientificamente isso, desde que com os investidores certos em apoio, claro. Com dinheiro e cientistas amorais você demonstra que homossexualismo é doença, que negros são mais burros e que o cigarro faz bem, é muito simples, só é necessário prosear subentendendo premissas, escolher “casualmente” uma “amostra apropriada” e pronto. Isso mostra o que? Bom... Mais uma vez mostra que a liberdade existe e que ela não existe...
Quem pode se dizer livre do convencimento por uma retórica elaborada ou um argumento de autoridade? Eu por exemplo: apesar de toda essa parafernália de livre pensador (auto-intitulado pelas maiores faculdades, mentais, como tal) se um geneticista que demonstrou uma tese sobre evolução na Nature disser que o homem evoluiu da lagartixa e usar uma retórica péssima, mas recheada de termos complicados que eu na minha incompetência biomédica certamente desconhecerei, é bem provável que eu acredite e que no dia seguinte tenha um monte de gente caindo do 13º andar por achar que podia andar na parede...
Do outro lado temos Marvin (nt. de rodapé), o sujeito capaz de tal convencimento e manipulação. Ele é deus, capaz de acreditar no que quiser desde que isso satisfaça seus desejos pessoais – ou o de seus contratantes, atuando como um mercenário de ideologias – figura genial capaz de convencer, e justificar seus atos, pra si e para todos aqueles sem uma crença radical – cuidado! Um desses pode ser um homem-bomba – ou sem uma capacidade retórica de igual ou mais alto nível.
Mais uma vez um fato demonstra a liberdade e gera sua limitação. Somos capazes de evitar o peso sobre a nossa liberdade exercido pelo excesso de liberdade alheia? É evidente que quanto mais livre um indivíduo é em suas concepções amorais, instantâneas e convenientes, mais peso ele exerce sobre a liberdade do outro incapaz de lutar contra sua retórica. Somos capazes de total liberdade, ou a capacidade de livre pensar e a retórica alheia estarão sempre um passo à frente da nossa (ou vice-versa) retirando um pedaço por menor que seja da nossa liberdade? Seria uma definição decente de liberdade o poder retórico/argumentativo, mesmo ela não permitindo liberdade a todos? Quiçá ela permita liberdade total a alguém! “Da vincis” não existem mais como dizem... (Ou dizer isso é um ato de falta de liberdade?)
Mais uma vez amigos prosos: proseei, proseei, prosei, pra morrer novamente na praia da dúvida... Existe liberdade?
Nota de rodapé: Marvin, o marciano. Deseja dominar o mundo e encontra a resistência feroz da dialética apurada do Pernalonga.Leonardo... Ora
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