Estrada da perdição
O garoto triste na escadaria de um prédio velho, luzes acesas, cigarro em punho, um copo de cinzeiro e muitas mágoas e pensamentos; circulando como gralhas mórbidas a procura da carniça da esperança moribunda...
Expectativas, esperanças, metas, tudo se funde no vazio dos estômagos dessas gralhas, enquanto a fumaça desenha nuvens de morte no ar a única coisa inda viva é a lembrança da paisagem dessa estrada sem rumo. Destruindo toda a importância de seu ser o garoto se mata aos poucos, mas não por conta do cigarro ou das bebidas, por conta de suas esperanças, essas que agora são meros suspiros de dor ao fim de um dia de caminhada só.
De tudo aquilo que o garoto considera importante, é seu ser, seu ego, seus sonhos e metas que ele mata, ao fim dessa estrada seu corpo pode ainda viver décadas, mas sua alma jaz sozinha...
Por uma cegueira ele não pode se desculpar, durante todo o caminho soube ser esta a estrada da dor, desespero e solidão, soube desde os decrépitos primeiros tenros passos que era a si mesmo que decretava sentença perpetua numa cela solitária, o garotinho se escondeu, correu e fugiu tentando não saber o que lhe era óbvio, atrás de falsos amores por detrás da cortina de uma simples ação libidinosa ele fingiu pra si mesmo não querer amar, por detrás da cortina de um copo um cigarro ou uma nota ele fingiu não ver o real, marionete de seu próprio eu...
Agora depois de muito se consumir ele olha p’ra seus passos anteriores e os vê manchados de vômitos e noites mal dormidas, se perguntando se é real a sua impressão de que a estrada anterior a de suas metas está realmente tão próxima de si quanto parece. Ele conta mil passos, vê manchas em cem deles, mas o caminho pode ser tomado de volta com um único, é isso real –o garoto se pergunta – seria essa uma realidade tão menos desesperadora do que ela parece? Tanto tempo perdido, será que pode tudo ser recuperado tão rápido assim? Com um mero ato de sua vontade expressiva, com um mero ato de afirmação auto-consciente de seu ego, um confesso ególatra que se perdeu em desvios animalescos pode tão rapidamente voltar a ser deus?
Leonardo Ferreira Guimarães
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