terça-feira, setembro 25, 2007

A Contra-“contra-cultura” ou digestão da liberdade

Prezados prosos,

Faz tempo que não proseio convosco, inda mais prosa proseada da forma que proseei ao pivete ou ao amigo...

Então, após tanto tempo retomei os estudos, numa modalidade vestibulAriana (sabe como é esse tal vestibular que seleciona elites e membros da raça superior...) E aquela parafernália toda, frigidamente bélica, do século passado me chamou atenção prum detalhe, é nitidamente hilária a supremacia capitalista, podem vir os comunistas, anarquistas, liberais, porcos... Digo, punks... E o capitalismo irá, por fim, vencer. Surjam quantos movimentos quiserem, em prol disso ou daquilo, e ele irá vencer contra-culturas, sub-culturas o que for.

Pensem no seguinte, qual dos movimentos acima não se converteu em marca ridícula pra consumo de boçais, indignos de prosa com seus idealizadores? Hippies, símbolos de ideais feministas, libertários, anti-racismo, pacifistas, viraram consumo em lojas esotéricas e antes da derrota americana na guerra do Vietnã se tornaram arquétipos ridicularizados, apáticos esquisotéricos esperando pela chegada dos et’s; os novos adentrando no movimento simplesmente viam uma escapatória a mão paterna opressora, da mesma forma que quase qualquer adolescente vê. Os góticos da década de oitenta, seu ar blasé, poético e de ritmo marcado, ganhou o nome de metal e o fanatismo das adolescentezinhas, que através de uma trilha de novela global encontraram um meio de dizerem “NaUm mI roTulEin, Xou difErenXi, naXii aXiM e eZixu ReXpeitU”. Exatamente como todos os outros. Por fim, os clubbers dentro de seu iedalismo PLUR (Peace Love Union Respect) viram seu trance virar o psy-trance, sair dos clubs e entrar nos auto-falantes dos carros caros de seres com 120kg de músculo e 12g de cérebro.

Depois disso algum proso me vem dizer que a ditadura reprimiu os movimentos culturais, a união soviética reprimiu a arte moderna, o comunismo reprimiu a religião, quando, na verdade esses movimentos ficavam cada vez mais fortes, com mais mártires e símbolos. Não é a liberdade - e a possibilidade de fazer uma nova grife, ou banda, entrar no auge - que realmente conseguiu reprimir os movimentos culturais?

Que freqüentador, dito de raiz (palavra aclamada por muitas árvores, que exigem respeito e consciência ao usarem seu jargão) não se vê agredido, mutilado em sua liberdade de cultuar um movimento, já crescido, quando os adolescentes empolgadinhos por novas possibilidades de consumo e de diferenciação cultural passam a fazê-lo? É meus prezados prosos, a liberdade mais uma vez irônica, mais uma vez incerta e mais uma vez motivo de dúvida, podemos acrescentar mais um verbete em seu vocábulo: Autofágica.


Leonardo Ferreira Guimarães

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